Diagnose pelo odor: detecção do cancro cítrico por cães farejadores

Hoje não iremos falar sobre tratamentos químicos, organismos resistentes, etc. Vamos dar uma pausa e falar um pouquinho sobre comportamento; porém não de insetos, mas sim de cães. Por isso o texto desta semana trata de como cães estão sendo utilizados nos Estados Unidos para a identificação do cancro cítrico e com possibilidade de uso na diagnose de plantas com ‘greening’. (Huanglongbing ou HLB).

É mais do que reconhecido que o estudo do comportamento animal tem contribuído para o entendimento e desenvolvimento de aplicações práticas em diversas áreas da ciência, inclusive no manejo do nosso meio ambiente. Cães de raças e comportamentos específicos têm sido de muita valia em diversas situações, desde detecção de bombas e drogas até como guias e agentes de socorro. Contudo, a utilização de cães no reconhecimento de doenças de plantas como o cancro cítrico é uma novidade que poderá resultar em enorme benefício para a indústria cítrica. O uso de cães, neste caso, só é possível porque cães conseguem detectar e fixar odores em seu sistema nervoso e, também, porque podem ser treinados de diferentes maneiras em busca de moléculas específicas no ambiente.

Cães treinados para a detecção do cancro cítrico têm sido utilizados na Flórida para a identificação de árvores infectadas com a doença muito antes mesmo que os sintomas sejam visíveis ao olho humano e com bem mais agilidade do que via biologia molecular, sem perda de eficiência ou mesmo aumentando-a. Segundo o fitopatologista Dr. Tim Gottwald (USDA-ARS Flórida) “a detecção de citros com cancro por cães mostra mais de 99% de acurácia”. Essa detecção tem sido feita ao acaso em plantios novos com árvores com diferentes níveis de infecção. Para maiores detalhes sobre como funciona o olfato de cães e como eles são treinados, vale a pena consultar o link http://citrusresearch.org/wp-content/uploads/CRB-Citrograph-Mag-Fall2014-Final-Web.pdf da revista Citograph Magazine.

Apesar da eficiência na identificação do cancro cítrico por cães, existem ainda algumas limitações com relação ao uso da técnica. Em temperaturas muito elevadas o odor se dissipa com maior facilidade diminuindo o sucesso na identificação de árvores ou frutos contaminados. Além disto o número de cães treinados ainda é pequeno para percorrer as áreas enormes de plantio de citros no estado. De qualquer forma, o sucesso na utilização de cães para a identificação do cancro cítrico tem sido tão promissor que citricultores da Flórida estão investindo no treinamento de um número maior de cães e citricultores de outros estados americanos, como a Califórnia, já estão investindo nesta ideia para evitar que mudas ou frutos contaminados cheguem aos seus estados incrementando seus serviços de inspeção. A meta é investir no desenvolvimento de novas estratégias de controle de doenças causadas por fitopatógenos por isso já estão sendo realizados trabalhos utilizando cães para a identificar e evitar a disseminação de outras doenças dos citros como o HLB e o CTV.

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