Faça o que te faz feliz

Bem! Que fique claro: isto não é propaganda. Mas costumo ler a revista American Entomologist. É uma revista publicada pela Entomological Society of American, isto é, é uma revista de sociedade e como toda revista dessas entidades o assunto abordado trata sobre generalidades na área. Na última edição a revista tem anunciado bastante o próximo encontro da sociedade que será este ano em Denver, Colorado.

Desde que eu entrei em contato com essa revista me chama a atenção à presença de artigos escritos pela May Berenbaum, professora e chefe do Setor de Entomologia da Universidade de Illinois em Urbana-Champaign (EUA). Geralmente os artigos escritos por ela são de opinião. São muito interessantes e ao lê-los você percebe que quem os escreve é uma pessoa apaixonada. Apaixonada pelo que? Pelo que faz é claro. Incrível?! Existem pessoas assim e eu sou testemunha de ao menos uma. Mas não foi a May Berenbaum, que nesse sentido, me chamou atenção na última edição da American Entomologist (Fall 2016, vol. 62, nr. 3). Quem me chamou a atenção foi uma entrevista feita por um outro apaixonado pela área, o Professor Emérito do Departamento de Biologia da Universidade de Vermont, Dr. Bernd Heinrich.

Dr. Heinrich nasceu na Polônia em 1940 e desde criança é apaixonado por animais, talvez por influência do pai que foi um importante colecionador e escritor de inúmeras monografias sobre a fauna da Europa, Ásia, África e América. Contudo, provavelmente, o ambiente em que viveu deve tê-lo influenciado, e muito, na escolha da sua profissão. Ainda criança, a família de Heinrich mudou para os Estados Unidos. Cursou Zoologia na Universidade do Maine onde obteve o seu bacharelado (1964) e mestrado (1966). Posteriormente, obteve o seu PhD (1970) na Universidade da Califórnia em Los Angeles. Em 1971, foi contratado por essa mesma universidade, mas em Berkeley, onde se tornou professor de entomologia. Em 1980, ele aceitou uma posição, como professor de biologia, na Universidade de Vermont. Acumulou uma carreira de sucesso com inúmeros trabalhos, documentários e livros publicados. Quem não se lembra dos famosos The Thermal Warriors e o The Hot-Blooded Insects, bem conhecidos por alguns estudantes brasileiros. Ele é um Guggenhein, Harvard e Alexander von Humboldt Fellow. Ganhou vários prêmios na sua carreira e, quem diria, isso não ocorreu apenas estudando fisiologia comparativa e ecologia comportamental que o iluminou em novos trabalhos sobre mecanismos fisiológicos de regulação de temperatura em insetos. Heinrich foi um grande maratonista e acumulou vários prêmios como tal.

Hoje, Heinrich é aposentado pela Universidade de Vermont e desde 2004 já escreveu 6 livros. O último deles publicado em 2016, One Wild Bird at a Time, onde Heinrich retorna a uma das suas paixões que é a observação de pássaros silvestres.

O que me aconteceu ao ler essa entrevista com o Bernd Heinrich é ter me deparado com alguém que nunca “trabalhou”, e sim divertiu-se ao mostrar uma satisfação e alegria imensa pelo que faz. E isso é muito legal. Pessoas assim são exemplos de tenacidade, genuinamente amam o que fazem, e nunca perdem completamente de vista o desafio e o sentido do propósito que os impulsiona. São exemplos a seguir.

 

Guedes, N. M. P.