Sempre que um produtor realiza a aplicação de determinado pesticida (inseticida, fungicida, herbicida, etc), todos os organismos da área ficam expostos à uma situação negativa. Entre os organismos, aquele considerado como “alvo” devem ser os mais afetados, e esta é a situação esperada pelo agricultor. Com isso ele pretende tornar o ambiente impróprio para a praga em questão, de modo que a mesma venha a morrer, e sua lavoura cresça mais vigorosa e produtiva. Porém, infelizmente a equação não é tão simples e efeitos adversos surgem com a utilização destes pesticidas, principalmente quando as boas práticas agronômicas não são atentadas.
Quando a utilização destes pesticidas é realizada sem atender a estas boas práticas agronômicas, muitos problemas podem surgir. Problemas como desequilíbrio ecológico, diminuição de inimigos naturais e fitotoxidez podem se tornar corriqueiros, mas a seleção de uma população de praga resistente talvez seja o efeito mais negativo importante. Esta seleção ocorre na forma de um processo e, por isso, demanda um certo tempo de práticas agronômicas erradas para ocorrer. Infelizmente este fato vêm se tornando corriqueiro e, ao contrário do que algumas pessoas pensam, muitas pessoas estão se prejudicando com a seleção de organismos resistentes.
Do produtor rural às multinacionais que fabricam os pesticidas, todos são prejudicados com isso. Por um lado, os produtores rurais enfrentam perdas significativas ao adquirir um produto cuja eficiência está aquém do esperado. Com isto eles perdem tempo e recursos financeiros em algo sem eficiência. Para piorar a situação, numa tentativa de superar esta ineficiência, muitos produtores realizam mais aplicações e aplicações em doses acima do recomendado. E qual o resultado disso tudo? Inúmeros efeitos prejudiciais ao meio ambiente, ao homem e prejuízo financeiro.
Quando levamos este problema para fora da lavoura, os consumidores também podem se prejudicar. Inicialmente podem estar consumindo produtos com resíduo de pesticidas acima do limite aceitável, já que a aplicação de pesticida não seguiu a recomendação do fabricante. Por outro lado, estes consumidores estarão pagando mais caro por este produto, uma vez que o custo para a produção do mesmo foi mais elevado. Mas os prejuízos não acabam por ai!
Saindo mais ainda da lavoura e agora pensando nos produtos (os pesticidas), ainda se tem muita perda envolvida com esta resistência. Indiretamente as multinacionais perdem em visibilidade e propaganda negativa (tais como aquele papo de que o brasileiro consome veneno, chegando a “beber” 7 litros de pesticidas por ano). Surge também com a resistência uma necessidade de substituição de um produto por outro com mecanismo de ação diferente. O que poucos sabem é que os custos e a dificuldade que uma empresa enfrenta para se desenvolver uma nova molécula pesticida, com um novo mecanismo de ação são enormes, chegando na casa dos bilhões. Porém, algumas ações estratégicas precisam ser tomadas para que esta perda seja minimizada.
Seja em ações com produtores rurais, estratégias de venda com comerciantes ou ações estratégicas dentro das grandes empresas, algo precisa ser feito. Todos dentro desta ampla cadeia produtiva precisam de orientações para que, através de uma solução integrada, essa resistência seja minimizada.
Chediak, M.