Ecologia, teias alimentares e o MIP

A ponte entre estudos teóricos e práticos na Ecologia se faz através do estudo de teias alimentares, tornando-se, assim, de grande importância. Em ambientes naturais, o estudo de teias alimentares é de enorme dificuldade, dada a complexidade e quantidade de relações existentes entre os organismos. Uma das alternativas para o estudo das teias alimentares e seus efeitos sobre o ecossistema onde estão inseridas é fazê-lo em ambientes manejados, como no caso da agricultura comercial. Em artigo publicado em fevereiro desse ano na respeitada Plos One, os pesquisadores Marcelo Mendes Haro, Luís Cláudio Paterno Silveira e Andrew Wilby buscaram unir a ecologia teórica e a agricultura na prática. Para tal, tentaram fazer uma ligação da diversidade das plantas através de recursos florais (Tagetes erecta L.) em um plantio comercial de alface (Lactuca sativa var. Solaris), as mudanças em robustez e diversidade das teias alimentares, e suas consequências para um manejo sustentável de pragas agrícolas. Mesmo em um ambiente manejado relativamente simples com apenas uma cultura e um recurso floral externo, a diferença no número de espécies, principalmente inimigos naturais generalistas e especialistas, as ligações entre as espécies e a força entre elas foi significativa, aumentando o equilíbrio entre as espécies e a funcionalidade da comunidade. Os autores, portanto, demonstram que o estudo da estrutura e diversidade das teias alimentares em ambientes manejados é uma ferramenta muito útil para entender a importância da diversificação dos agroecossistemas na dinâmica da comunidade de artrópodes. Esse tipo de informação, que pode ser obtida em diversos ambientes agrícolas manejados, proporciona uma visão ecológica do cultivo e norteia importantes decisões de manejo e controle de pragas.

Como este tipo de análise pode ser aplicado dentro da toxicologia agrícola?

Os trabalhos de teia alimentar estudam com detalhes a diversidade e relações entre os organismos de um ecossistema. Talvez esta seja a melhor ferramenta que, associada com outras avaliações, pode ser utilizada para quantificar a ação de uma nova tecnologia sob a comunidade de artrópodes. Com isso conseguimos demonstrar com detalhes não apenas a interferência de um novo produto (inseticida, herbicida, fungicida ou OGM) sob a diversidade, abundância ou qualquer outro índice (que muitas vezes são parâmetros um tanto quanto vagos). Através desta ferramenta conseguimos mensurar a relação entre fitófagos, predadores, parasitóides e detritívoros para, só então, pontuar o real efeito desta nova tecnologia na comunidade de artrópodes do sistema.

 Artigo na íntegra: http://journals.plos.org/plosone/article?id=10.1371/journal.pone.0193045

Para saber mais sobre o autor acesse seu Currículo Lattes ou seu Researchgate.